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O sucesso pode mascarar diagnósticos de TDAH

  • Foto do escritor: Debora Fernandes
    Debora Fernandes
  • 24 de jul.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 25 de jul.

Apesar das décadas de estudo acerca do TDAH, este transtorno ainda é muito mal compreendido por pessoas leigas e da área da saúde. É óbvio que isso traz alguns prejuízos importantes tanto no diagnóstico como no tratamento. Pensar em TDAH apenas como déficit de atenção ou entender que toda pessoa com TDAH é hiperativa, impede dar continuidade ou fazer encaminhamento para uma avaliação mais aprofundada.

A primeira consequência é a exclusão de diagnósticos com base no desconhecimento dos déficits invasivos do transtorno. Esse quadro é agravado em adultos e quando as pessoas são bem-sucedidas. Nesses casos, a primeira ideia que vem à cabeça é a negação do TDAH quando a pessoa tem uma formação acadêmica exigente, uma carreira consolidada ou apresenta alguma forma de sucesso. Esse pensamento reflete uma associação errônea entre TDAH e fracasso, tópico que será mais aprofundado em outro texto.

Dessa forma, essas pessoas não receberão o diagnóstico adequado, mesmo percebendo como são diferentes das demais e que utilizam mecanismos próprios para funcionar melhor, provavelmente após muitas dificuldades ou obstáculos. Além disso, possivelmente, continuarão acreditando que “é preguiça”, que elas são assim mesmo, que tem algo de errado com elas, que são “limitadas”, entre outras ideias.

Do ponto de vista do tratamento, a visão limitada acerca do TDAH facilitará a escolha de estratégias generalistas e simplistas como uso de agenda ou de listas.  O déficit executivo não será compreendido de forma individual, o que impossibilitará estratégias personalizadas e adequadas para as dificuldades específicas e pontuais da pessoa. Compreender o funcionamento executivo, para além dos processos atencionais, é fundamental para que o tratamento seja eficaz a ponto de trazer melhoras significativas na vida da pessoa. 

Pessoas bem-sucedidas em suas carreiras, seguramente, precisarão de um aprofundamento na avaliação para compreender quais processos podem estar falhando, pois muitas estratégias eficazes já foram implementadas e muitas dificuldades foram amenizadas ao longo dos anos. Mesmo assim, encontrar os pontos que ainda falham pode aliviar um esforço excessivo como forma de compensação dessas falhas e, consequentemente, parte dessa energia pode ser investida em outras atividades.

Por isso, por mais que a medicação seja eficaz e possa trazer ótimos benefícios, émuito importante a compreensão dos déficits diários e a elaboração de estratégias específicas. Normalmente, esse trabalho costuma ser eficiente no contexto da terapia cognitivo comportamental.

Assim, o TDAH pode estar mascarado por trás de uma inteligência alta, de uma história de sucesso ou de ótimas estratégias. A maneira mais precisa de conseguir identificar o transtorno em meio a tudo isso é mediante uma avaliação detalhada, na qual são ponderados, conjuntamente, os resultados advindos do relato da pessoa, de questionários e testes cognitivos.

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